México avança na redução da jornada, enquanto Brasil discute jornada sem folga semanal
Enquanto o governo mexicano inicia processo para diminuir a carga horária de trabalho para 40 horas semanais até 2030, o Senado brasileiro avalia proposta que pode acabar com o descanso semanal garantido há mais de 80 anos.
O governo de Claudia Sheinbaum, no México, deu início ao processo para reduzir gradualmente a jornada semanal de 48 para 40 horas até 2030. A mudança será construída em diálogo com sindicatos, empresários e toda a sociedade civil, com o objetivo de proporcionar mais qualidade de vida e menos desgaste físico e mental aos trabalhadores.
Enquanto isso, no Brasil, avança no Senado um projeto que prevê a adoção da chamada jornada 7×0, ou seja, sem folga semanal. A proposta representa um risco de retrocesso ao eliminar o descanso remunerado assegurado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde o governo de Getúlio Vargas, que há mais de oito décadas garantiu a jornada regulamentada e o repouso semanal remunerado.
A medida é vista como uma ameaça à saúde de milhões de trabalhadores, podendo eliminar o único dia de descanso de mais de 80% da força de trabalho brasileira. O movimento “Vida Além do Trabalho” (VAT), que defende o fim da escala 6×1, considera a discussão da jornada 7×0 um ataque direto às conquistas históricas dos trabalhadores.
Especialistas e ativistas lembram que outros países da América do Sul, como o Chile, já reduziram suas jornadas sem prejuízos econômicos. No caso chileno, a economia apresentou crescimento após o fim da escala 6×1, contrariando o discurso de parte da grande mídia brasileira, que frequentemente argumenta que a redução da jornada poderia “quebrar o país”.
Diante de dois caminhos opostos na América Latina, o contraste é evidente: no México, o trabalhador ganha mais tempo para viver; no Brasil, há o risco de perder até o descanso semanal.
