Empresas dos EUA pedem fim de tarifas sobre produtos brasileiros e alertam para avanço da China
Companhias como Daimler, associações do setor de cosméticos e distribuidores de madeira pressionam Casa Branca a negociar com governo Lula e evitar medidas que encareçam cadeias produtivas
Grandes empresas e associações do setor privado nos Estados Unidos encaminharam ao USTR (Escritório de Representação Comercial da Casa Branca) pedidos de novas exclusões do tarifaço aplicado pelo ex-presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros e a intensificação de negociações comerciais com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os representantes do setor empresarial alegam que a manutenção das tarifas pode encarecer produtos finais no mercado interno americano e trazer riscos geopolíticos, especialmente ao estimular maior aproximação do Brasil com a China.
A Daimler Truck North America, que detém cerca de 40% do mercado de caminhões pesados e superpesados nos EUA, foi uma das mais enfáticas. A companhia afirmou ter 19 fornecedores de peças e componentes no Brasil, incluindo empresas americanas que operam no país, agora afetadas pelas tarifas. Em comunicado, a montadora alertou que “adotar uma postura mais agressiva com o Brasil reforçará seu engajamento com outros países como forma de contrabalancear o prejuízo provocado por uma resposta dura dos Estados Unidos”, mencionando diretamente a expansão chinesa.
Outro setor mobilizado é o de cosméticos e cuidados pessoais. O National Care Products Council, representado por sua vice-presidente Natalie Obermann, ressaltou que insumos vindos do Brasil são “essenciais para manter qualidade, inovação e competitividade global”. Obermann pediu que a Casa Branca negocie ativamente com o governo brasileiro e, caso tarifas sejam inevitáveis, que os produtos de beleza e seus insumos sejam excluídos das punições.
A Popp Forest Products, que importa e distribui madeira tropical, também solicitou isenções. Seu presidente, Stephen Popp, defendeu que fornecedores brasileiros seguem protocolos de certificação e verificação independente da origem da madeira. Para ele, tarifas generalizadas interromperiam relações comerciais responsáveis e limitariam o acesso a materiais sustentáveis no mercado americano.
As manifestações ocorreram dentro do prazo da consulta pública aberta pelo USTR no âmbito da Seção 301, que pode resultar em novas punições comerciais. O prazo para apresentação de contribuições terminou nesta segunda-feira (18).
Fonte: CNN Brasil